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Mêncio (02)

LIVRO IV - PARTE I

CAPÍTULO VII

1. Disse Mêncio: "Quando prevalece no reino o governo justo, os príncipes de pouco valor e virtude mostram-se submissos aos de grandes predicados e de subido valor. Quando predomina o mau governo, os pequenos são sujeitos aos grandes, os fracos servem os fortes (18)".

"Estes dois casos são lei do Céu. Os que se harmonizam com o Céu são poupados; os que se rebelam contra o Céu têm de perecer".



CAPÍTULO VIII

4. "O homem despreza-se a si mesmo, antes que outrem o despreze. Uma família desagrega-se por si mesma e depois os outros a desunem. Um estado aniquila-se a si mesmo; depois os outros o destruirão".

5. "Ilustra estas asserções esta passagem de T'ai - chia: "As calamidades enviadas pelo céu podem ser evitadas: mas, quando nós acarretamos calamidades a nós mesmos, não é possível viver".



CAPÍTULO IX

1. Disse Mêncio: "Chieh e Chou (19) perderam o reino, em conseqüência de haverem perdido o povo; perder o povo significa perder o amor dos súditos. Há um modo de conquistar o reino: conquiste-se o povo, e o reino está ganho. Há um meio de conquistar o povo: cative-se o coração popular, e o povo está adquirido. Há maneira de cativar o coração do povo: é simplesmente oferecer-lhe o que ele deseja e não lhe impor o que detesta".

2. "O povo volta-se para um soberano clemente, como a correnteza desce o rio, e os animais ferozes correm para as selvas".

3. "Assim como a lontra favorece as águas profundas, atraindo os peixes para elas, e o falcão favorece as matas, chamando para elas os passarinhos, assim Chieh e Chou auxiliam T'ang e Wu, encaminhando o povo para estes".

4. "Se entre os atuais soberanos do reino houver um que preze a clemência, todos os outros príncipes o ajudarão, encaminhando o povo para ele. E embora esse rei não deseje exercer a autoridade real, não a poderá evitar".



CAPÍTULO XIV

1. Disse Mêncio: "Ch'in exercia as funções de primeiro oficial, à frente da família de Chi, cujos sistemas condenáveis não logrou mudar, enquanto extorquia ao povo uma dízima em trigo, equivalente ao dobro da taxa anterior. Confúcio disse: "Ele não é meu discípulo. Filhos, rufai o tambor e atacai-o".

2. Examinando este caso, percebemos que, se um rei não exercia um governo benigno, todos os ministros que o enriqueciam eram renegados por Confúcio. Muito mais repudiaria ele os que se atiram impetuosamente à luta, pelo seu soberano. Serve-lhes de fundamento qualquer contenda territorial; e eles derrubam homens, até que os campos regurgitem de cadáveres; ou combatem pela posse duma cidade fortificada, e semeiam os muros de mortos. Eis o que se chama "levar a terra a devorar carne humana" (20).

"A morte não é pena bastante para tal crime".

3. "Em conseqüência, os que são destros na luta sofrerão o castigo mais severo (21). Depois deles, serão punidos os que unem os príncipes em alianças; em seguida os que conquistam vastas charnecas e impõem o cultivo do solo ao povo".



LIVRO IV - PARTE II

CAPÍTULO III

1. Mêncio dirigiu-se ao rei Hsüan de Ch'i nestes termos:

"Quando um soberano considera os seus ministros suas mãos e seus pés, eles o consideram seu ventre e coração; se o rei os julgar cães e cavalos, os ministros o julgarão um homem vulgar (22); e se o senhor do reino reputar os seus ministros terra (23) ou ervas, eles o reputarão ladrão e inimigo".



CAPÍTULO VIII

Mêncio sentenciou: "Quando os homens têm o que não querem fazer, estão preparados a agir no que podem realizar com eficiência (24)".



CAPÍTULO XII

Disse Mêncio: "O grande homem é o que não perde o seu coração de criança (25)".



CAPÍTULO XXXIII

1. "Um homem de Ch'i tinha esposa e concubina e vivia com ambas em sua casa. Quando ele saia, era certo voltar farto de bebidas e de carnes. Perguntando-lhe a esposa com quem estivera comendo e bebendo, o marido mencionava invariavelmente homens ricos e eminentes. A esposa informou a concubina, dizendo: "Quando o patrão sai, é certo vê-lo voltar bem alimentado de carnes e bebidas; e, quando eu lhe pergunto com quem partilhou o festim, todos os seus comensais são, no dizer dele, homens ricos e de alta posição. Contudo, não vem aqui nenhum fidalgo. Hei de espreitar aonde vai o nosso amo!" Em conseqüência, a esposa levantou-se um dia, muito cedo, e seguiu às escondidas o marido. Em toda a cidade, ninguém parou a falar com ele. Afinal o homem chegou-se aos que ofereciam sacrifícios entre os túmulos, além do muro externo de leste, e pediu os restos. Não sendo atendido, dirigiu-se a outro grupo; era assim que ele conseguia comer à farta. A esposa voltou para casa e informou a concubina, dizendo: "Esse é o amo que contemplávamos, cheias de esperança, e ao qual a nossa sorte está ligada para toda a vida (26); e são esses os seus hábitos". Ambas verberaram o procedimento do chefe da casa e desataram a chorar no meio do pátio. Entretanto, ignorando tudo, ele entrou, garboso, e aproximou-se delas, com um jeito altivo.

2. "Do ponto de vista do homem superior, quanto aos meios pelos quais os homens procuram obter a riqueza, as honras, o lucro, as promoções, raras são as esposas e as concubinas desses ambiciosos que não tenham de se envergonhar e chorar por eles".



LIVRO V - PARTE 1

CAPÍTULO V

1. Disse Wan Chang: "Narra-se que Yao deu o império a Shun. É exato?"

"Não", replicou Mêncio. "O imperador não pode dar o império a outro soberano".

2. "Seja; mas Shun possuía o império. Quem lho deu?"

"O Céu", respondeu o mestre.

3. "O Céu deu-lhe o império; investiu-o o Céu nessa dignidade, com injunções especificadas?"

4. "Não", tornou Mêncio. "Céu não fala; mostrou apenas a sua vontade, mediante a atitude de Shun e a sua gestão pessoal dos negócios".

5. "Mostrou a sua vontade, mediante a sua gestão pessoal dos negócios. Que significa isso?"

Mêncio replicou: "O imperador pode apresentar um homem ao Céu; não pode, no entanto, fazer que o Céu dê o império a esse homem. Um príncipe feudal pode apresentar ao imperador um homem, para lhes tomar o trono; não pode, porém obrigar o imperador a dar o principado àquele homem. Um grande oficial pode apresentar um homem ao seu príncipe; não pode constranger o príncipe a fazer desse homem um dignitário e a ceder-lhe o lugar. Há muito tempo, Yao apresentou Shun ao Céu: o Céu aceitou-o e exibiu-o ao povo; o povo, por seu turno, o aceitou. Por isso digo: "O Céu não fala. Indicou simplesmente a sua vontade pelo procedimento de Shun e com a sua gestão dos negócios".

6. "Tornou Chang: "Tomo a liberdade de perguntar como foi que, sendo Yao apresentado ao Céu, o Céu o aceitou e exibiu ao povo, pelo qual também foi aceito".

Respondeu-lhe Mêncio: "Yao concedeu a Shun o ensejo de presidir aos sacrifícios, e os espíritos mostraram-se propícios às oferendas. Eis como o Céu o aceitou. Ofereceu-se a Shun a oportunidade de assumir a gestão dos negócios, e estes foram bem administrados, de modo que a nação descansou sob o governo dele; eis como o povo o aceitou. Foram o Céu e o povo que lhe conferiram o império. Por isto, digo: "O imperador não pode dar o império a outro soberano".

7. "Shun assistiu Yao no governo, durante vinte e oito anos; isto é mais do que se poderia fazer; e ele o fez por vontade do Céu. Findos os três anos de luto, pela morte de Yao, Shun separou-se do filho do imperador e retirou-se ao Sul do Ho meridional. Voltando à corte, os príncipes do império, porém, não procuraram o filho de Yao, e sim Shun. Os litigantes não se dirigiam ao filho de Yao, mas a Shun. Os cantores não cantavam o filho de Yao; entoavam loas a Shun. Eis porque digo que foi o Céu que lhe deu o império. Então, Shun, voltou ao estado do centro, e ocupou o trono do filho do Céu. Se, antes dessas coisas, se instalasse no paço de Yao e exercesse pressão sobre o filho do morto, este procedimento constituiria um ato de usurpação e não uma dádiva do Céu".

8. "Este aspecto do modo como Shun obteve o império concorda com o que foi dito na "Grande Declaração". "O Céu vê, como vê o meu povo; o Céu ouve, como ouve o meu povo".



LIVRO VI - PARTE 1

1. Disse Kaotsé: "A natureza do homem assemelha-se a um salgueiro; a justiça é como um copo ou uma taça (27). Formar bondade e justiça fora da natureza humana equivale a fazer do salgueiro copos e taças".

2. Mêncio replicou: Podeis, em harmonia com a índole do salgueiro, convertê-lo em copos e taças? Antes de conseguí-lo, teríeis de recorrer à violência e maltratar a árvore; maltrataríeis e ofenderíeis igualmente um homem, para tirar dele bondade e justiça? Aí de nós! As vossas palavras seriam, com todos os homens, uma calamidade para a clemência e a justiça (28)".



CAPÍTULO II

1. Disse Kaotsé: "A natureza do homem é como água redemoinhando num canto. Abri-lhe passagem a leste, e ela correrá para leste; se lhe abrirdes passagem ao oeste, ela seguirá esta direção. A natureza do homem é indiferente ao bem e ao mal, como a água é indiferente ao leste e ao oeste".

2. Replicou Mêncio: "Em verdade, a água corre indiferentemente para leste ou para oeste; mas, corre, com a mesma indiferença, para cima ou para baixo? O pendor da natureza humana para a bondade, assemelha-se à tendência da água para descer. Não há quem não tenha esse pendor para a bondade, como a água tem propensão para correr em declive".

3. "Ora, agitando a água e fazendo-a ressaltar, podeis tê-la à altura da vossa fronte, represando-a e dirigindo-a conseguireis levá-la ao topo dum monte. Mas condizem esses movimentos com a natureza da água? É a força aplicada o que os provoca. No caso do homem induzido a se desviar da prática do bem, a sua natureza é tratada por esse meio".



CAPÍTULO III

1. Disse Kaotsé: "É ao fenômeno da vida que eu chamo natureza".

"Dizeis" respondeu Mêncio, "que a vida é natureza como dizeis que o branco é branco?"

"Sim".

"É a alvura duma pena branca igual à alvura da neve branca? E a alvura da neve, é como a do jade branco?" Insistiu Mêncio.

"Sim," replicou o outro.

"Muito bem", retrucou Mêncio. Será a natureza do cão igual à do boi, e a do boi como a do homem? (29)"



CAPÍTULO IV

1. Disse Kaotsé: "Comprazer-se nos requintes da mesa e nos gozos lascivos é natureza. A bondade vem de dentro e não de fora; a justiça vem de fora e não de dentro (30)".

2. "Em que vos fundais", perguntou Mêncio, "para dizer que a bondade vem de dentro e não de fora?"

Replicou-lhe o outro: "Imaginemos um homem mais velho do que eu; eu presto homenagem à sua idade. Isto não significa decerto que exista em mim o princípio do respeito à velhice. É como quando, ao ver um homem branco, eu o considero branco, pois externamente ele é tal para mim. Eis a razão por que digo que a justiça vem de fora".

3. Disse Mêncio: "Não há diferença para nós entre a alvura dum cavalo branco e a do homem branco; mas ignoro se há diferença entre o olhar com que avaliamos a idade dum cavalo velho em relação a nós. E que é o que chamamos justiça? O fato de ser o homem mais velho do que nós, ou o fato de tributarmos homenagem à sua idade? (31)"

4. Kao observou: "Tenho um irmão mais novo: quero-lhe muito. Não estimo, no entanto, o irmão mais moço dum homem de Ch'in. É o parentesco o motivo da minha afeição (32). Por isto digo que a bondade vem de dentro. Honro devidamente a velhice dum homem de Ch'in, como dum meu parente; neste caso, o motivo é a velhice. Eis porque digo que a justiça vem de fora".

5. Replicou-lhe Mêncio: "Não achamos diferença entre o gosto da carne assada por um parente nosso. O ponto em que insistis repete-se no exemplo que acabo de citar. E a nossa satisfação em comer carne assada também vem de fora?"



CAPÍTULO V

1. Meng Chi interrogou o discípulo Kung- tu: "Em que se baseia a asserção de que a justiça vem de dentro?"

2. "Ela é a manifestação do nosso sentimento de respeito", respondeu Kung- tu; "diz-se, por isto, que a justiça procede do nosso íntimo".

3. Tornou o outro: "No caso dum aldeão, um ano mais idoso do que o vosso irmão mais velho, a qual dos dois manifestaríeis mais respeito?"

"A meu irmão".

"Mas a quem serviríeis bebidas primeiro?"

"Ao aldeão," replicou Kung-tu.

"O vosso sentimento de respeito dirige-se a um deles; a vossa reverência pela velhice é tributada ao outro", argumentou Meng Chi: "a justiça é, sem dúvida, determinada por fatores externos e não por um sentimento interior".

4. "O discípulo Kung - tu não soube responder; comunicou a conversação a Mêncio, que disse: "Devíeis perguntar-lhe: "A quem respeitais mais: a vosso tio ou a vosso irmão mais novo? "Ele responderia: "A meu tio". E vós tornaríeis: "Se o vosso jovem irmão personificasse um antepassado morto, a quem manifestaríeis mais respeito: a vosso irmão ou a vosso tio?" Ele replicaria: "A meu irmão". E vós poderíeis continuar: "Mas que é da maior veneração devida, segundo dizeis, a vosso tio?" Ele diria: "Respeito mais o meu jovem irmão, porque ele representou o antepassado morto".

Então diríeis vós: "Porque ele substitui o antepassado defunto; assim, de ordinário, tributo o meu respeito ao meu irmão mais velho; mas momentaneamente, posso mostrar deferência ao aldeão".

5. Ouvindo estas considerações, Meng Chi observou: "Quando o respeito for devido a meu tio, manifesto-o a meu tio; procedo do mesmo modo, em relação ao meu irmão mais novo. Esta atitude é, certamente, determinada por fatores externos, e não vem de dentro".

"No inverno", replicou Kung. "Tomamos bebidas quentes: no verão, preferimos refrescos; acaso o ato de comermos e bebermos é determinado por fatores externos?"



CAPÍTULO VI

1. O discípulo Kung - tu referiu: "A natureza do homem não é boa nem má".

2. Uns dizem: "A natureza do homem pode ser educada para o bem, como para o mal; conseqüentemente, sob o reinado de Wen e Wu, o povo prezava o que fosse bom; sob Yu e Li, preferia-se a crueldade".

3. Outros afirmam: "Certas naturezas são boas; outras são más. Assim, sob um soberano como Yao que surgiu Hsiang; e foi sob um pai como Kusau que apareceu Shun. Finalmente, foi no reinado de Chou que se manifestaram Ch'i, o visconde de Wei e o príncipe Pikan".

4. E agora dizeis: "A natureza é boa". Então, os demais estavam enganados?

5. Replicou Mêncio: "Há sentimentos que nos levam à conclusão de que a natureza humana está constituída para praticar o bem (33). Eis o que pretendo dizer, quando afirmo que a natureza humana é boa".

6. "Se o homem se desviar do bem, não se atribua a culpa às suas faculdades naturais".

7. "O senso de angústia compassiva pertence a todos os homens, assim como o da vergonha e do desprezo, o da modéstia e do respeito, o da aprovação e da reprovação (34). O senso da compaixão é o princípio de bondade; o senso da vergonha e desprezo é o princípio da justiça: o sentimento de modéstia e respeito é o princípio de correção; e o sentimento de aprovação e reprovação é o princípio de discernimento. Bondade, justiça, correção e discernimento não se insinuam em nós de fora; fazem parte de nós naturalmente; considerá-los sob outro aspecto, é simples irreflexão. Por isto, foi dito: "Procura-os e hás de achá-los; descura-os e os perderás". Por eles, os homens diferem uns dos outros; estes em medida igual à de outros; esses, cinco vezes mais; aqueles um número incalculável de vezes; isto, porque não podem desenvolver plenamente os seus predicados.



8. "Lê-se no Livro de Poesia":

"Dando nascimento a massas de indivíduos",

"O Céu anexou as suas leis a toda faculdade e relação".

"O homem possuí esta natureza normal",

"E, conseqüentemente, preza as virtudes normais".

"Confúcio disse: "O autor desta ode conhecia, em verdade, a constituição da nossa natureza". Assim, podemos ver que, a toda faculdade e relação, se liga uma lei; e, desde que é dotado dessa natureza normal, o homem preza as virtudes normais.



CAPÍTULO VII

1. Disse Mêncio: "Nos anos faustos, os filhos dos homens são na sua maioria bons; os anos aziagos os tornam maus. São as circunstâncias e não os predicados naturais, outorgados pelo céu, que originam a diferença".

2. "Tomemos como exemplo um campo de cevada; semeie-se a terra e cubram-se as sementes. No mesmo terreno, semeado na mesma ocasião, o cereal cresce exuberantemente e amadurece em tempo oportuno. Se houver desigualdades de produção, são elas devidas ao solo mais ou menos rico, à maior ou menores quantidades de chuva e de rega, e às diferentes maneiras pelas quais o homem executa suas tarefas."

3. Assim, todas as coisas do mesmo gênero são semelhantes; porque temos dúvidas a respeito do homem, como se ele constituísse uma exceção isolada? O sábio e nós somos da mesma espécie.

4. De conformidade com isto, Lungtsé diz: "Se um homem fabricar sandálias de cânhamo, embora desconheça o tamanho dos pés dos homens, tenho certeza de que não as fará como cestos. As sandálias são iguais umas às outras, porque os pés dos homens são todos do mesmo feitio".

5. "O mesmo ocorre com o paladar e o sabor. Todos os paladares regalam-se da mesma maneira. Antes de mim, Yiya apreciava simplesmente o que delicia o paladar. Suponhamos que o seu paladar, o seu gosto pelos sabores fossem diferentes dos dos outros homens, como os cães e os cavalos diferem de nós; como poderiam todos os homens adotar os gostos de Yiya? Em matéria de gostos, o reino inteiro molda-se por Yiya; é que todos os homens têm o mesmo paladar.

6. "A mesma coisa se dá com o ouvido. Em matéria de sons, o reino inteiro norteia-se pelo mestre de música K'uang; é que todos os homens são dotados do mesmo ouvido".

7. "E sucede outro tanto com a vista. Não há, sob os céus, quem não reconheça que Tsetu era formoso. Se alguém não reconhecesse a beleza de Tsetu dizia-se que esse não tinha olhos".

8. "Por isto, digo: "Os paladares dos homens gostam dos mesmos sabores; os seus ouvidos apreciam os mesmos sons; os seus olhos reconhecem todos a mesma beleza. Carecerão só as suas almas de coisas que prezem igualmente? E quais podem ser estas coisas? São os princípios de coisas e as conseqüentes determinações de justiça. Já antes de mim, os sábios adivinharam as coisas que eu e outros concordaríamos em aprovar (35). Portanto, os princípios de coisa e as determinações de justiça são agradáveis ao meu espírito, como a carne dos animais bem tratados saberá bem ao meu paladar".



CAPÍTULO VIII

1. Disse Mêncio: "Outrora, as árvores da montanha de Niu eram belas. Mas, como ficavam nos subúrbios da capital dum grande estado, foram derrubadas. Seria possível conservar a beleza dessas matas? Ainda assim, dia e noite, a exuberância da vida vegetativa, o alimento da chuva e da irrigação enchia-as de rebentos e botões. Mas vinham as cabras e o gado, e logo os devoravam. A isto se deve o aspecto desolado da montanha. Quem a vê não imagina que ela já foi lindamente arborizada. É essa, acaso, a natureza da montanha?".

2. "Outro tanto pode - se dizer do homem; será licito afirmar que a alma humana é destituída de bondade e justiça (36)? O modo como o homem perde a bondade da sua alma assemelha-se ao modo como se abateram aquelas árvores a machado. Devastada dia a dia, pode ela conservar a sua excelência? Revivendo dia e noite, no ar sereno da manhã, entre o dia e a noite, a alma sente em certo grau os desejos e aversões peculiares da humanidade; mas essas sensações não são fortes; desvanecem-se, subjugadas pelas ações do homem durante o dia. Isto repete-se continuamente; a influência benéfica da noite não basta para preservar a bondade; e, quando se manifestar essa insuficiência, a natureza humana torna-se pouco diferente da dos irracionais. À vista disto, sói-se pensar que nunca existiram as qualidades que eu apregôo. Mas representará essa condição os sentimentos próprios da humanidade?

3. "Logo, se a alma receber o alimento conveniente, nada deixará de medrar; faltando-lhe esse alimento, nada haverá que não se perverta".

4. "Confúcio disse: "Retende-a firmemente e ela ficará convosco; se a soltardes, é certo que a perdereis". Refere esta máxima à índole moral".



CAPÍTULO IX

1. Disse Mêncio: "Não é de estranhar que o rei não adquira sabedoria".

2. "Imaginemos a planta mais fácil de medrar, neste mundo. Se a expusermos dez dias ao calor benfazejo e dez dias ao frio, ela não poderá desenvolver-se. Quando obtenho uma audiência do rei, é raro que, ao retirar-me, não veja chegar os que atuam nele como o frio. Embora eu consiga provocar alguns rebentos de bondade, de que vale isto?".

3. "Jogar xadrez é uma arte, se bem que de pequenas proporções; contudo, se não lhe consagrarmos toda a atenção, não conseguiremos praticá-la com êxito. O enxadrista Ch'iu é o mais hábil jogador do reino. Suponhamos que ele ensine o jogo a dois homens; um destes dedica-lhe toda a atenção, e não faz senão ouvir as lições de Ch'iu; o outro, embora pareça escutar, distrai-se, observando um cisne, que espera ver aproximar-se, e pensa em tender o arco e despedir a flecha, para abater a ave. Em conseqüência, ainda que o segundo discípulo aprenda juntamente com o primeiro, ambos não progridem na mesma medida. Depende isto de desigualdade de inteligência? Não, decerto".



CAPÍTULO X

1. "Gosto de peixe", disse Mêncio, "e gosto igualmente de perna de urso. Se não posso ter as duas coisas, renuncio ao peixe e como a perna de urso. Se aprecio a vida, prezo também a justiça. Se não conseguir obter as duas, renuncio à vida e atenho-me à justiça.

2. "Aprecio em verdade a vida; mas há coisas que prezo mais; em conseqüência, não procurarei conservar a vida por meios indignos. Aborreço em verdade a morte; entretanto, há coisas que abomino mais; logo, em certas ocasiões, não me esquivo a calamidade donde me pode resultar a morte".

3. "Se entre as coisas prezadas pelo homem, nenhuma lhe fosse mais cara do que a vida, porque não usaria ele de todos os meios ao seu alcance para a preservar? Se, entre as coisas que o homem detesta, nenhuma lhe parecesse mais abominável do que a morte, porque não faria ele o possível, para evitar as calamidades que lhe podem ser fatais?

4. "Mas, tal como é o homem, há casos em que, por certos meios, ele poderia conservar a vida. Contudo, não os emprega; nem lhe faltariam certos recursos para se esquivar às calamidades mortais; e ele não os utiliza".

5. "Logo, há coisas que os homens prezam mais do que a vida, e coisas que eles aborrecem mais do que a morte. Nem só os indivíduos de talento e virtude têm essa mentalidade. Todos os homens a têm; ela faz parte deles, simplesmente porque não lhes seria possível desfazer-se dela".

6. "Aqui temos um cestinho de arroz e uma terrina de sopa. Suponhamos que obtê-los nos conservasse a vida e carecermos deles significasse a morte. Se forem oferecidos em tom insultante, o próprio vagabundo da estrada os enjeitará; ou, se nós os rejeitarmos, nem um mendigo se deterá a apanhá-los".

7. "Há, todavia, quem aceite dez mil "chungs" (37), sem indagar da correção e da justiça do seu ato. Que lhe podem acrescentar, em verdade, os dez mil "chungs"? Se ele os receber, não poderá adquirir mansões suntuosas? Não garantirá a si próprio a posse de esposas e concubinas? Não terá meios, para socorrer os pobres e os necessitados dos vizindários?

8. "No primeiro caso, a esmola não é aceita, embora salvasse da morte; no segundo exemplo, o homem aceita os emolumentos, por amor das mansões suntuosas. Rejeita-se a oferta, que salvaria da morte, e aceitam-se os honorários que asseguram a posse de esposas e concubinas. Recusa-se a esmola, que pouparia a vida, e recebem-se os meios de socorrer os indigentes e os aflitos do vizíndário. Não é possível então declinar, em tais circunstâncias, os emolumentos? Eis um exemplo do que se chama perder a natureza peculiar do próprio coração".



CAPÍTULO XI

1. Disse Mêncio: "A bondade é qualidade própria do coração humano; a justiça é a senda própria do homem".

2. Quão lamentável é descurar e não seguir essa senda, perder o coração(38) e não saber encontrá-lo!

3. "Quando se lhe extraviam as aves e os cães, o homem empenha-se em achá-los; quando perde o coração, não sabe como o há-de encontrar".

4. "O objeto do saber não é senão procurar o coração perdido (39)".



CAPÍTULO XII

1. Disse Mêncio: "Existe um homem, cujo quarto dedo se encurvou, não havendo meio de o endireitar. Não dói nem estorva o trabalho; contudo, se soubesse que alguém pode livrá-lo desse defeito, esse homem não vacilaria em percorrer, para esse fim, toda a distância entre Ch'in e Ch'i, porque o sen dedo não é como o dos seus semelhantes.

2. "Quando o dedo dum homem não é como o dos outros indivíduos, esse homem não se sente satisfeito; entretanto, quando o seu coração não for como o dos outros, ele não o estranhará. Isto é o que se chama ignorar a importância relativa das coisas.



CAPÍTULO XIII

Disse Mêncio: "Quem quiser cultivar um pé de t'ung ou tse, que possa ser agarrado com as duas mãos, ou mesmo com uma delas, sabe como deve alimentar a planta; tratando-se, porém, da sua pessoa, desconhece os meios adequados. Devemos supor que o cuidado pela nossa pessoa seja inferior ao que dedicamos a um pé de t'ung ou de tse? É carência extrema de reflexão".



CAPÍTULO XIV

1. "Os homens prezam todas as partes da sua pessoa" disse Mêncio; "e, se prezam todas as partes do seu corpo, devem nutrir cada uma delas. Não há polegada de epiderme que eles não apreciem; em conseqüência, não há polegada de pele, que não devam alimentar. Averiguando se o seu método de nutrição é ou não conveniente, se há regras que o possam simplificar e refletindo em si mesmo, determina o homem onde esse método pode ser aplicado?".

2. "Algumas partes do corpo são nobres; outras são vis. Umas são grandes; outras, pequenas. O que alimentar as partes vis será um homem insignificante; o que nutrir as grandes será um grande homem (40)".

3. "Imaginemos um plantador, que descure o seu wu e o seu chia, para cuidar das suas jujubeiras; é um plantador mesquinho".

4. "O que nutrir um dos dedos, esquecendo (41) os ombros e as costas, sem ter consciência do que faz, é um homem que se assemelha a um lobo apressado (42)".

5. "O homem, que se limita a comer e a beber, parecerá medíocre aos outros, pois nutre apenas as partes vis do seu corpo e descura as grandes".

6. "Se um homem ávido de comer e beber não deixar, assim mesmo, de nutrir o que tem de grande, podemos considerar a sua boca e o seu ventre mais do que uma polegada de pele? (43)".



CAPÍTULO XV

1. O discípulo Kung - tu inquiriu: "Todos os homens são iguais; uns, porém, são grandes; outros, pequenos. Como é isto?"

"Os que seguem as partes sublimes do seu eu são grandes", replicou Mêncio. Os que seguem as partes vis, são pequenos (44)."

2. "Kung - tu prosseguiu: "Todos os homens são iguais; mas alguns servem as partes nobres de si próprios e outros, as partes vis. Como é isto?"

Disse Mêncio: "Os olhos e os ouvidos não têm por função pensar, e estão sujeitos a serem turvados e embotados palas coisas que os afetam. Mas pensar é função da mente. Pensando obtemos uma visão justa das coisas, impossível de conseguir, se descurarmos de pensar (45). Os sentidos e a inteligência são as dádivas do céu. Apoie-se o homem na supremacia das partes maiores e mais nobres da sua constituição, e as partes mesquinhas não as sobrepujarão (46). É isto simplesmente o que faz um grande homem".



CAPÍTULO XVI

1. Disse Mêncio: "Há uma nobreza celeste e uma nobreza humana. Bondade, justiça, abnegação, fidelidade, júbilo inalterado na excelência dessas virtudes: eis a nobreza celeste. Ser duque, ministro ou grande oficial: eis a nobreza humana".

2. "Os homens da Antigüidade cultivavam a sua nobreza celeste; e a nobreza humana vinha-lhe na esteira".

3. "Os homens de hoje cultivam a nobreza celeste, com o fito de conseguir a nobreza humana; obtida esta, desfazem-se daquela. O seu engano é profundo. O resultado sói ser simplesmente perderem eles também a nobreza humana".



CAPÍTULO XVII

1. Disse Mêncio: "O desejo de ser o que se considera digno de respeito é pensamento comum dos homens. E todos têm em si o que é deveras honroso; apenas, nenhum deles cuida disso".

2. "As honras conferidas pelo homem não são realmente honras duradouras. Chao - meng podia rebaixar os que elevava a uma posição eminente (47).

3. "Lê-se no "Livro de Poesia":

"Vós nos fizeste beber todas as vossas bebidas".

"Saciaste-nos com a vossa bondade".

Para significar que os hóspedes foram cumulados de bondade e justiça, de modo que não desejavam a carne gorda e o painço dos homens. A quem couber uma boa reputação e amplo louvor, não é lícito ambicionar adornos materiais (48).



CAPÍTULO XVIII

1. Disse Mêncio: "A bondade domina os seus antagonistas como a água vence o fogo (49)". Os que ora praticam a bondade o fazem, como se com um copo d'água pudessem salvar uma carroça de lenha em chamas; e, se não apagarem o incêndio, dirão que a água não consegue dominar o fogo. Semelhante sistema constitui, além de tudo, o maior auxílio à maldade (50).

2. "O resultado final é simplesmente a perda desse reduzido quinhão de bons sentimentos".



CAPÍTULO XIX

Disse Mêncio: "As melhores sementes são as cinco espécies de cereais; se, porém, não estiverem maduras, não se igualam sequer ao ti ou ao pai (Joio). Assim também, o mérito da clemência está em fazê-la chegar à maturidade".



CAPÍTULO XX

1. Disse Mêncio: "Ensinando os homens a atirar, Yi estabeleceu como regra entesar bem o arco; e exigia que os seus discípulos fizessem a mesma coisa".

2. Um artífice - mestre, um capataz, instruindo outros artesãos, deve usar compasso e exigir que os aprendizes se costumem a empregá-lo com perícia".



LIVRO VI - PARTE II

CAPÍTULO II

1. Perguntou Chiao de T'sao: Costuma-se dizer: "Todos os homens podem ser Yaos e Shuns"; é certo?

"É certo", replicou Mêncio.

2. "Ouvi contar", prosseguiu Ch'ao, "que o rei Wen media dez côvados de altura; e T'ang, nove côvados. Ora, eu tenho nove côvados e quatro polegadas de estatura, mas posso apenas comer o meu painço. Que hei-de fazer, para corresponder ao provérbio?

3. Replicou-lhe Mêncio: "Que tem com isso a questão da estatura? Tudo está em procederdes, segundo aqueles modelos. Havia um indivíduo mais fraco do que um frango ou um marrequinho. Hoje, ele diz: "Sou capaz de levantar trezentos "cattys". É agora um homem de grande vigor. Assim, o que puder levantar o peso, que Wu Huo levantava, é outro Wu Huo. Porque se queixa o homem de incapacidade? Ele é incapaz, porque quer."

4. "Andar lentamente, atrás dos mais velhos, é desempenhar o papel dum jovem. Apressar-se, ultrapassando os mais velhos, é infringir o dever dum moço. Mas quem não poderá andar lentamente? Só não o fará quem não quiser. O procedimento de Yao e de Shun consistia simplesmente em praticar a piedade filial e o dever fraterno".

5. "Usai as roupas de Yao, repeti-lhe as palavras, imitai-lhe as ações, e sereis exatamente um Yao. Se usardes as roupas de Chieh, se repetirdes as suas palavras e lhe imitardes as ações, sereis exatamente um Chieh".

6. "Quando obtiver uma audiência do soberano de Tsou", disse Chiao, "pedir-lhe-ei que me dê uma casa para morar. Quero ficar aqui e receber ensinamentos à vossa porta".

7. "A senda da verdade", replicou Mêncio, é como a estrada real; não custa reconhecê-la. O mal está em que os homens não a procuram. Ide para casa, tratai de encontrar esse caminho, e tereis numerosos mestres".



CAPÍTULO XV

1. "Disse Mêncio: "Shun elevou-se ao trono, vindo dos campos sulcados de valos; Fu Yüeh foi chamado às suas funções, do meio da sua ferramenta de carpinteiro e calceteiro. Chiao Keh subiu da sua pesqueira: Kuan Yiwu, das mãos do funcionário incumbido de guardá-lo. Sun Shu - ao, do seu esconderijo na praia; e Poli Hsi, do mercado.

2. "Logo, quando o céu quer confiar uma alta missão a alguém, forja antes a alma do eleito com o sofrimento, exercita-lhe os nervos e os ossos com a fadiga, expõe-lhe o corpo à fome, sujeita-o à extrema indigência, confunde-lhe os empreendimentos. Por todos esses meios, estimula-lhe a inteligência, enrija-lhe a têmpera e supre às suas incompetências (51)".

3. "Os homens erram continuamente, mas podem regenerar-se. Têm o coração aflito, a mente perplexa, e depois abalançam-se ao grande esforço. Quando as coisas se evidenciarem nos olhos dos homens e lhes transparecerem nas palavras, eles as entenderão.

4. "Se um rei não tiver a sua corte adstrita às leis e provida de funcionários capazes, se no exterior não impender sobre o seu território a ameaça de calamidades e de estados hostis, por via de regra o seu reino descambará para a ruína (52)".

5. "Daí vemos que a vida brota da tristeza e das calamidades, ao passo que a morte deriva da comodidade e do prazer".



LIVRO VII - PARTE II

CAPÍTULO XIV

1. Disse Mêncio: "O povo é o elemento principal dum país; os espíritos da terra e o trigo ocupam o segundo lugar; o soberano é o fator menos importante".



CAPÍTULO XXXVIII

4. "De Confúcio até os nossos dias, decorreu mais dum século. Tão remota é a distância do sábio no tempo, quão próxima, ao alcance da mão, está a residência do sábio. Em tais circunstâncias, não há ninguém que transmita as suas doutrinas? Em verdade, não haverá ninguém?"

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(18) Em termos mais precisos e claros: "Quando prevalece a doutrina justa, o moralmente inferior serve o moralmente superior e a mentalidade inferior acata a mentalidade superior. Quando não prevalece a doutrina justa, o pequeno serve o grande e o fraco serve o forte".

(19) O tirano Chou. E não a dinastia Chou.

(20) Literalmente: "Na guerra pelo território, a morte enche a região; na guerra pelas cidades, a morte enche as cidades. Isto é permitir que o território devore carne humana".

(21) Mais simplesmente: "Os melhores combatentes receberão o máximo castigo".

(22) Um cidadão comum.

(23) Imundície.

(24) "Os homens recusam fazer certas coisas, antes de poderem praticar grandes feitos".

(25) O coração da inocência.

(26) "O marido é a pessoa considerada um arrimo para a vida".

(27) "Um cesto de vime".

(28) "Destroem as doutrinas de amor e justiça", por presumir que não se harmonizam com a nossa natureza, mas são doutrinas exteriores que nos moldam a índole em formas estabelecidas. Mêncio acreditava que a bondade é parte inata da natureza humana.

(29) Mêncio insiste em que, em nós, o humano difere do bestial.

(30) A justiça ou os deveres para com o próximo derivam da vida social, enquanto o amor é inato. Mêncio insiste em que ambos são inatos, inclusive o amor pelo procedimento justo.

(31) O respeito à velhice é subjetivo - e inato.

(32) Eu prezo naturalmente a minha raça.

(33) "Se lhe permitirmos seguir a própria natureza, o homem praticará o bem".

(34) Leia-se: "O coração misericordioso está em todos os homens; o senso da vergonha está em todos os homens; o senso da cortesia e do respeito está em todos os homens; o senso do bem e do mal está em todos os homens".

(35) Mais exatamente: "Os sábios são os que descobrem o que é comum aos nossos corações".

(36) Preferivelmente: "Amor e justiça".

(37) Como honorários oficiais.

(38) O termo chinês hsin significa "inteligência" e "coração". Aqui tem o sentido de "coração originalmente bondoso".

(39) "O coração da infância".

(40) Leia-se: "Na nossa constituição, há uma natureza mais baixa e uma natureza mais elevada, um eu menor e um eu maior. Não se deve desenvolver a natureza mais baixa, a expensas da mais alta, o eu menor à custa do eu maior. O que limitar o seu cuidado ao eu menor, será um homem insignificante; quem se consagra ao eu maior, tornar-se-á um grande homem".

(41) Perdendo.

(42) Leia-se: "disforme".

(43) "Se o homem comer e beber, sem esquecer o eu maior, será lícito dizer que o alimento introduzido na sua boca não nutre senão o seu envoltório corporal".

(44) "Os que servem o eu maior são grandes homens; os que servem o eu menor, são pequenos".

(45) "A função da mente é pensar; pensando, conservais a mente: se não pensardes, a perdereis".

(46) Quem cultivar o seu eu mais elevado, verá o eu mesquinho seguí-lo espontaneamente.

(47) O que o povo sói considerar honras ou uma posição elevada não é verdadeira honra, pois Chão - meng (poderosa dinastia reinante da China) tinha a faculdade de degradar os que honrava".

(48) "Quando o homem usa o manto da fama, não lhe deve importar um trajo bordado".

(49) "A bondade sobrepuja a crueldade, como a água domina o fogo".

(50) Os que praticam a bondade são como os que apanham um copo d'água para apagar um carregamento de combustível em chamas. Não conseguindo dominar o incêndio, exclamam: "A água não vence o fogo!" Isto é apenas ajudar os que não crêem na bondade.

(51) "Assim, quando o céu se dispõe a confiar a um homem uma grande obra, primeiro aflige-lhe o coração, fatiga-lhe os músculos e os ossos, sujeita-o à fome e às privações, frustra-lhe todos os planos. Isto eqüivale a estimular-lhe a ambição, a fortalecer-lhe o caráter, a aumentar-lhe a capacidade".

(52) Se não houvesse famílias antigas, conselheiros sábios no interior, inimigos e ameaças no exterior, freqüentemente o país pereceria.